A venda de cachaça sem os devidos registros pode prejudicar e comprometer a saúde.
Muitas vezes precisamos abordar assuntos
que não são muito agradáveis, porém é importante que o apreciador de cachaça
tenha informação suficiente para que possa fazer a melhor escolha na hora de
comprar a bebida.
Uma das questões mais delicadas hoje
no mercado da cachaça é a questão da informalidade. Para abrir e operar um alambique é necessário que
se sigam diversas normas e regulamentos técnicos estabelecidos por diversos
órgãos governamentais. Anvisa, Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento), Receita Federal, órgãos estaduais de água e saneamento,
prefeituras e outros. É necessário também coordenar e compreender
todas as normas, muitas vezes conflitantes, o que é uma tarefa muito difícil e
onerosa para o pequeno produtor e, muitas vezes, acaba levando essas empresas a
funcionar na informalidade.
Estima-se hoje que o Brasil possua
cerca de 15.000 alambiques instalados e, segundo dados
do Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça), menos de 2.000 possuem os
devidos registros e autorizações. Apesar de 90% do volume total de cachaça
produzida anualmente no País ser legalizada, cerca de 85% dos produtores, em
sua maioria micro e pequenas empresas, operam na informalidade.
A informalidade prejudica o mercado, pois reduz a arrecadação de impostos, diminuindo
a capacidade do governo de investir em melhorias na capacitação e fiscalização
do setor. Além disso, pode colocar em
risco a sua saúde.
Para possuir o devido registro do Mapa, um alambique e seus respectivos produtos precisam
seguir rígidas normas sanitárias, um extenso manual de boas práticas de
produção e possuir um controle rígido da composição química da bebida. Isso se
faz através de análises laboratoriais que atestam que a cachaça em questão tem
sua composição dentro das normas e limites estabelecidos pelo governo, sendo
considerada segura para o consumo humano.
Além do registro, a garrafa precisa
ter também o famoso selo
do IPI da Receita Federal, um selo
impresso em papel moeda com detalhes de segurança semelhantes a uma nota de
dinheiro, que atesta que a empresa recolhe o respectivo imposto.
Em uma produção informal, o
produtor muitas vezes não adota essas práticas, produz sem nenhum controle e
depois comercializa sua cachaça a granel, em bombonas plásticas e garrafões de
vidro de 5/10/15 litros, ou pior, em garrafas reaproveitadas de águas e refrigerantes. Muitas
vezes, essa cachaça carrega substâncias que podem ser extremamente nocivas à nossa saúde, como o carbamato
de etila (potencialmente carcinogênico), o cobre (que pode causar cirrose e
falência hepática e renal) e o metanol (que causa seqüelas crônicas, como
neuropatia óptica, cegueira e doença de Parkinson).
Por todos esses fatores é muito
importante que o consumidor
esteja atento.
Sabe aquela cachaça da roça, que o
vizinho do sítio do seu cunhado produz no interior e ele traz para você em um
garrafão reaproveitado de vinhos de baixa qualidade, que pode até ser bem
saborosa! Ela pode ser um veneno para a
sua saúde. Evite a todo custo!
Aproveitando a falta de informação,
existem produtores que vendem sua cachaça ilegalmente em bares e restaurantes e
o comerciante, visando apenas o lucro, serve a bebida irregular, informal e
ilegal para seu cliente, prejudicando toda a cadeia produtiva, o mercado de uma
forma geral e, ainda mais grave, pondo em risco a sua saúde.
Portanto, quando for comprar uma cachaça, procure no rótulo o devido registro no Mapa, se estiver tomando uma dose em um bar ou restaurante, exija que a garrafa seja trazida à mesa e servida na sua frente para que você possa observar o rótulo e checar as informações, pois além de garantir a segurança para a sua saúde, pode ser bem instrutivo e agradável ver toda informação contida ali.
Saúde! (Sempre!)
Obs.:
Evite o consumo excessivo de álcool.
A venda de bebidas alcoólicas é proibida para menores de 18 anos.
Se beber não dirija.Crédito: Mauricio Maia - Paladar Estadão
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