Historicamente pouco
valorizada pelos brasileiros e vista até com certo preconceito, a bebida
artesanal tem se destacado no mercado nacional e angariado fãs.
Cachaça com gelo também é legal. |
A cachaça é a bebida que melhor simboliza o povo brasileiro, apesar de ser pouco valorizada na própria terra. Rica e complexa adquire as características da região em que é produzida. E, como se não bastasse, sua história se confunde com a própria história do Brasil, começando lá nas primeiras décadas do século 16, com os engenhos e as fazendas de cana de açúcar.
É possível contar a
história do Brasil e de seu povo por meio dessa bebida. Com ela conseguimos
traduzir costumes, tradições, hábitos e até mesmo religião. Tudo isso apenas
analisando a produção e o consumo de cachaça no país.
Apesar de contar com uma
produção industrial de larga escala, é a fabricação artesanal que mantém as
características necessárias para uma cachaça de qualidade. Hoje já são mais de
40 mil produtores no Brasil inteiro, embora a maioria não seja registrada. Tudo
começa no plantio da cana de açúcar: sem utilização de agrotóxicos. Depois, a cana
é cortada à mão e moída em até 24h após a colheita para evitar contaminação com
compostos indesejáveis. Em seguida, o caldo de cana fresco é fermentado e
depois destilado em alambique de cobre – parte importante do processo, pois é
responsável por retirar aromas desagradáveis da bebida.
Cachaça saindo do alambique |
O processo industrial não tem flexibilidade de produção. A bebida é destilada em colunas de inox, perdendo a característica da cana e gerando um álcool mais neutro, alguns rótulos industriais perdem as características de tal forma que é preciso adoçá-los. A legislação permite adicionar até seis gramas de açúcar por litro. Mais do que isso, ela passa a ser chamada de “cachaça adoçada”.
Após o processo de
destilação, a cachaça é engarrafada, armazenada ou envelhecida em barris de
madeira. E é nessa etapa que o Brasil se diferencia dos demais países. Enquanto
o mundo conhece basicamente o carvalho, a nossa diversidade permite utilizar
diferentes tipos de madeira dependendo das características que se deseja na
bebida.
No processo de produção
da cachaça, todas as etapas influenciam, desde o tipo de cana escolhido até o
tipo de levedura. Mas a etapa da madeira é a que mais se destaca, pois
representa mais de 60% das características da bebida.
Logo que sai do
alambique, a cachaça tem um aroma mais doce e muita picância no sabor. É com a
passagem pela madeira que ela vai enriquecer e ganhar complexidade. Cada
madeira vai gerar uma particularidade diferente. Entre as mais usadas estão
amburana, jequitibá, jequitibá-rosa, ipê, bálsamo e amendoim. A amburana, por
exemplo, vai criar cachaças mais doces, com notas como mel e canela. Já o
bálsamo tem características mais herbais, como anis e erva-doce.
Mesmo com o preconceito
e a falta de informação rondando o mundo da cachaça, a bebida tem atraído
curiosos e adeptos tanto entre o público quanto entre os donos de bares e
restaurantes. E já é considerada uma tendência a degustação da cachaça pura, em
drinques que vão muito além da caipirinha ou em harmonizações de almoços e
jantares.
Harmonização de cachaça com queijo é uma boa pedida! |
Atualmente, o maior
consumo de cachaça em bares e restaurantes é por meio da caipirinha, mesmo que
apenas cerca de 20% a 30% do drinque sejam feitos com a bebida brasileira em
contrapartida à vodka, que detém a maior parcela.
Muitos lugares vendem
vodka Premium, mas não têm interesse em investir na cachaça por imaginarem que
os clientes não notarão a diferença. O restaurante Yemanjá inverteu as
estatísticas desde que implantou a cachaça artesanal no cardápio: 80% das caipirinhas
pedidas são com a bebida, que agora tem rótulo personalizado com sua marca.
Caipirinha drink mundialmente conhecido |
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produtores do seu estado.No tabuleiro da Bahia também tem cachaças elaboradas
com muita qualidade e de reconhecimento internacional.
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